A batalha do impeachment/golpe: sentidos em disputa

Rudá Perini

Resumo


O presente trabalho se propõe a analisar, a partir do que vem sendo desenvolvido em nossa pesquisa de mestrado, o funcionamento discursivo de um léxico belicoso no discurso jornalístico. Para tanto, filiamo-nos, enquanto sustentação teórica e metodológica, à Análise do Discurso materialista em consonância com a obra dos teóricos Michel Pêcheux e Eni Orlandi. Tomamos, portanto, como corpus empírico as edições dos jornais Brasil de Fato (18 a 20/04/2016) e O Globo (18/04/2016) nos quais foi noticiada a votação da admissibilidade do impeachment/golpe contra Dilma Rousseff. A votação, ocorrida na Câmara dos Deputados em 17/04/2016, é observada aqui como um acontecimento jornalístico e histórico dado seu caráter de ser: na esfera do jornalismo, um acontecimento que deve ser noticiado; na ordem da história, um fato que reclama sentidos. Assim, a primeira questão de entrada no corpus se configura pelo comparecimento de um sítio de significância, constituído de palavras belicosas, formando-se ao redor do referente discursivo impeachment/golpe. Seguindo essa primeira observação, adotamos o método de montagem de quadros para mapear que palavras comparecem em cada edição, pinçando palavras bélicas (como guerra, batalha, vitória/derrota, luta, etc.) e recortando sequências discursivas nas quais tais palavras comparecem. Nossa hipótese é que este procedimento nos permitirá compreender que processos discursivos se engendram na malha de discursos e contra-discursos em conflito no movimento histórico, linguístico e ideológico de significar o impeachment/golpe.


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