Memória e imagem: uma análise semiótica de Órfãos do Eldorado

Cinthia Paes Virginio

Resumo


Este artigo tem o objetivo de apresentar, com o auxílio do ferramental teórico da Semiótica discursiva, uma análise do romance Órfãos do Eldorado, de Milton Hatoum. Em um primeiro momento, será discutida, em linhas gerais, a questão do tempo no romance, sobretudo o tempo da memória, a fim de compreender como esta se configura na obra. Nessa mesma perspectiva, será analisada a aspectualização conferida à memória, com o objetivo de, assim, depreender o perfil de sujeito que é projetado na (e pela) narrativa. Posteriormente, será examinada a figuratividade, para verificar como os recursos sensoriais, sobretudo o da visão e o da audição, asseguram a eficácia da narrativa e denunciam a temática da decadência presente no romance. Dessa forma, em Órfãos do Eldorado, busca-se comprovar, a partir desse recorte, que a memória, quando ativada, recria, a seu tempo, universos ricos de cores, cheiros e sons e sujeitos que, figurativizados, conferem, por sua vez, efeito de verdade ao narrado.

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