BUDAPESTE: A ENCENAÇÃO DA ESCRITA E O DUPLO ALEGÓRICO

Tania Mattos Perez

Resumo


Budapeste, terceiro romance de Chico Buarque, apresenta o ofício do escritor, cuja matéria-prima é a palavra, signo que espelha a força imagética da atividade criadora de sentidos. Trata-se de um romance metaficcional que apresenta, de forma inusitada e sob um viés irônico e alegórico, as questões: o escritor e seu duplo, fama e anonimato, identidade e impostura, o real e o ficcional, a obra literária como objeto da indústria cultural na escrita contemporânea. A escrita anônima intensifica todos esses questionamentos e envolve o leitor no texto para que não se perca no jogo literário cheio de trapaças e enganos. Por outro lado, o fingimento ficcional permite vislumbrar o eterno enigma da individualidade humana, o abismo do ser, de quantas máscaras o sujeito necessita para suportar a brutalidade do real. Afinal, o que é realidade ou imaginação? No romance, vislumbra-se a temática antiga do duplo que se apresenta na história do ghost writer José Costa/ Zsoze Kósta e o seu dilema entre ser e não ser o autor de textos. A trama narrativa desenrola-se entre dois cenários: o Rio de Janeiro e Budapeste, que emolduram a vida dupla do escritor fantasma, envolvendo duas línguas, duas culturas, duas mulheres, dois meninos e dois livros.

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