FANTASIA LEIGA PARA UM RIO SECO: ORALIDADE E MEMÓRIA NA EXPERIÊNCIA DE UM SERTÃO

Ana Cristina Moreira Pessoa

Resumo


Elomar Figueira de Mello, compositor, poeta e cancionista, costura em suascomposições linguagem ordinária e artifício poético, música de matrizes popular eerudita, numa obra que é corpo, voz e encontro entre as intensidades contrastantes daobra e o leitor-ouvinte, este desestabilizado ante o inclassificável, o qual se torna,portanto, imprevisível. O presente trabalho tem como objetivo o estudo de Fantasialeiga para um rio seco, de 1981, a fim de demonstrar como tal álbum traz a proposta deuma “experiência de sertão”. Elomar desrespeita supostas distâncias entre erudito epopular, ao mesmo tempo em que utiliza a tradição como forma de dialogar com aatualidade. Constrói, assim, uma obra cuja contemporaneidade é fundada narelativização das categorias de tradicional e contemporâneo, poético e prosaico, sagradoe profano. Dessa forma, analisando-se oralidade e estética sob a perspectiva propostapor Paul Zumthor, pretende-se compreender o objeto artístico como um dispositivo dememória e imaginação sensitivas, o qual utiliza a mistura das influências diversas paraabalar o leitor, chamando-o a uma percepção criativa do “sertão” ficcionalizado, cenáriono qual as setorizações são colocadas em crise.

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