A ENCENAÇÃO DESCRITIVA NOS QUADRINHOS TURMA DA MÔNICA JOVEM

Glayci Kelli Reis da Silva Xavier

Resumo


O ser humano é um ser simbólico por natureza. Para se comunicar, ao fazer
uso da linguagem, o homem utiliza vários sistemas simbólicos, sejam estes palavras,
imagens, gráficos, gestos, expressões fisionômicas, sons, etc. Consequentemente, o
nosso estar no mundo, como indivíduos sociais que somos, é mediado por uma rede
intrincada e plural de linguagem (SANTAELLA, 2012, p. 14). Com o avanço da
tecnologia, a sociedade torna-se cada vez mais visual e, com isso, a compreensão da
relação palavra-imagem adquire cada vez mais importância. A história em quadrinhos é
um gênero que lida com dois dispositivos importantes de comunicação: palavras e
imagens (EISNER, 1989, p. 7); palavras são feitas de letras e letras são imagens. Desse
modo, nos quadrinhos, o leitor tem uma dupla atividade, pois cada elemento visual tem
um significado. Conforme explica Eisner (2005, p. 9) o processo de leitura dos
quadrinhos é uma “extensão do texto”; num texto verbal, o leitor precisa converter a
palavra em imagens, enquanto, nos quadrinhos, esse processo é acelerado, pois as
imagens são fornecidas. Dessa forma, em um texto verbo-visual como as histórias em
quadrinhos, as imagens exercem, assim como as palavras, a função descritiva. Segundo
Charaudeau (2009, p. 113), descrever consiste em ver o mundo com um “olhar parado”,
trazendo à existência os seres ao nomeá-los, localizá-los, e atribuir-lhes qualidades que
os singularizam. O autor ainda afirma que, na descrição, o enunciador (sujeito descritor)
pode intervir de maneira explícita ou não, produzindo um certo número de efeitos,
resultado de uma intenção consciente da parte do sujeito descritor, visando a manipular
a leitura do sujeito destinatário. Nessa perspectiva, o presente trabalho pretende analisar
a revista Turma da Mônica Jovem, obra de Maurício de Sousa, respeitado desenhista
brasileiro, verificando como se dá a encenação descritiva presente nela e os efeitos
produzidos por meio da relação verbo-visual. Como fundamentação teórica desta
pesquisa, tomar-se-á por base principal a Teoria Semiolinguística de Análise do
Discurso de Patrick Charaudeau (1992; 2009), com relação aos sujeitos de do ato de
linguagem e os modos de organização do discurso.

Texto completo:

PDF

Apontamentos

  • Não há apontamentos.