OS PROCEDIMENTOS DE REESCRITA NA POESIA DE JOAQUIM MANUEL MAGALHÃES

Juliana Jordão Canella Valentim

Resumo


Na poética de Joaquim Manuel Magalhães, o procedimento de reescrita e desfiguração da obra aparecem como uma conclusão sobre a descrença na poesia tratada em outros livros do mesmo autor como Consequência do Lugar; Vestígios; Sebes, Segredos e Aluviões; Os dias, pequenos charcos; Alta Noite em Alta fraga entre outros. A obra dita como conclusiva, Um Toldo Vermelho, publicada em 2010, revela apenas fragmentos irreconhecíveis deste trabalho poético. Pouco ou quase nada resta ao leitor saber sobre o poema, a menos que antes houvesse lido as antigas obras, resguardadas numa memória distante. O sujeito poético, apagado da poesia, se esconde por detrás de imagens, objetos da descrição incessante do poeta. O empenho em encobrir não só a presença do eu como da imagem descrita é evidenciado através de palavras que remetem a objetos específicos como, por exemplo, partes de plantas. A ruína retratada em outros livros é reconfigurada através das imagens sobrepostas de objetos e cenários despedaçados. O presente estudo pretende apontar o procedimento estético de reescrita que se utiliza de fragmentos de outros poemas para constituir-se, buscando através deles ressaltar a paisagem urbana reconstruída de Alta noite em Alta fraga e observar uma descrença e sua relação literária, não só na obra deste autor, mas como procedimento recorrente em outros autores contemporâneos.

PALAVRAS-CHAVE: Desfiguração, Literatura Portuguesa, Reescrita, Ruína.


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