CONHECER E CIVILIZAR: O PAPEL (TRANS)FORMADOR DO POETA ILUSTRADO

Flávia Pais de Aguiar

Resumo


O século XVIII assistiu a um processo de intensa transformação mental e social que, impulsionado pela ação de ideólogos e literatos, se projetou, no imaginário ocidental, sobre todas as ordens de coisas estabelecidas. A crença na força da razão transformadora fortaleceu um sentimento de ampla inovação, forjada no plano político e ampliada para o plano cultural. (SILVA, 2003). Faz-se importante observar, com atenção específica ao caso da ilustração portuguesa, que a expansão desse processo se cristalizou de maneira gradativa, por meio não só de ideologias, mas também de mudanças nos padrões comportamentais, da ênfase no progresso tecnológico, científico e econômico e, sobretudo, das formas de produção artística e da transformação do sistema educacional. A condição do poeta ilustrado do Setecentos, em especial do contexto da América Portuguesa, nesse sentido, aponta para caminhos reflexivos acerca de uma poesia que, associada à tradição e aos modelos poéticos vigentes na época, não deixou de aliar-se às mudanças processadas no cerne da sociedade moderna. A partir desse panorama, este trabalho apresenta o objetivo de analisar como a poesia de Manuel Inácio da Silva Alvarenga (1749-1814), professor régio e poeta luso-brasileiro, esteve comprometida tanto com o processo de divulgação do desenvolvimento científico para fins econômicos quanto com o pensamento ilustrado em voga que atravessava, não obstante aos códigos de comportamentos sociais, a concepção de um processo civilizatório (trans)formador de homens capacitados a executarem e prolongarem as mudanças que se processavam; para tanto, considera-se a condição de professor, poeta e ilustrado em confluência na atuação didático-pedagógica de Silva Alvarenga.

PALAVRAS-CHAVE: Poesia, Silva Alvarenga, Transformação Social.


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