ORNAMENTO E CONTRAPONTO: ELEMENTOS DA MUSICALIDADE EM LOBO ANTUNES

Mariana Andrade da Cruz

Resumo


O objetivo do presente trabalho será apresentar como, em alguns romances da fortuna literária do escritor contemporâneo português António Lobo Antunes, o diálogo interartes se estabelece. Pensamos de maneira mais concreta na ligação entre literatura e música, valendo-se a primeira de métodos artísticos originalmente trabalhados pela segunda para constituir um modo de dizer que é bastante característico dos romances do autor em questão, desde os seus primeiros textos, integrantes da fase de aprendizagem, até as publicações mais recentes. Pensamos, mais especificamente, nas características próprias da música barroca, aqui representadas por duas palavras-chave: ornamento e contraponto. Seria o ornamento a potencialidade demonstrada pelas composições em inclinar-se para a virtuose, flexibilizando-se, ainda que todo o improviso estivesse baseado em uma estrutura organizacional rígida, geométrica. O contraponto, por sua vez, residia na construção de uma espécie de diálogo entre os instrumentos musicais, de maneira que o mesmo tema fosse abordado por diferentes componentes da orquestra, cada um por vez. Essas duas vertentes da musicalidade manifestam-se, na ficção de António Lobo Antunes, tanto pela construção do discurso narrativo, que joga elipticamente com as palavras e frases, quanto pela maneira como os romances são estruturados, em um constante trabalho com a polifonia. A análise intersemiótica por ora proposta faz parte da pesquisa, em andamento, de Doutorado em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense.

 

PALAVRAS-CHAVE: Ornamento, contraponto, musicalidade, António Lobo Antunes, diálogo interartes.


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