FEMINILIDADE EM MOVIMENTO: A ESCRITA DO DESAMPARO EM “O SILÊNCIO”, DE TEOLINDA GERSÃO.

Deborah Simões Colares Raposo

Resumo


Este trabalho é parte do projeto de pesquisa a ser desenvolvido na dissertação de Mestrado, sendo resultado da disciplina “A Escrita-Mulher – Leituras da Imagem Literária entre Vida e Morte”, e analisa a constituição das vozes das personagens em “O Silêncio”, de Teolinda Gersão, a partir das ideias de Joel Birman e Blanchot. Tal estudo é realizado através do funcionamento dos diálogos das protagonistas, construídos em tensão, uma vez que disputam espaço e, muitas vezes, sobrepõem-se, com ou sem interpelação direta. Para tanto, é necessária a articulação da concepção dos lugares de “palavra” e de “silêncio”, responsáveis pela estrutura narrativa sempre em interrupção, ao conceito freudiano de “feminilidade”, revisto por Birman. A partir dele, a feminilidade freudiana é aprofundada e enunciada como responsável pela consciência humana da finitude, o que leva a uma tentativa de sublimação da morte, inaugurando uma “pulsão de vida”, que coexiste à “pulsão de morte”. Tal fricção de pulsões nos leva à ideia de imagem literária de Blanchot, constituindo-se numa dupla face do imaginário: ausência e presença.  E é essa feminilidade, em deslocamento nas figuras humanas, ligada à efêmera singularidade da imagem literária, que faz evidenciar uma escrita do desamparo.


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