A PERMANÊNCIA DO INACABADO: APONTAMENTOS SOBRE UM PROJETO LITERÁRIO DE LÚCIO CARDOSO

Frederico van Erven Cabala

Resumo


Em 1936, Lúcio Cardoso lançou seu terceiro romance, o divisor de águas "A luz no subsolo", obra inaugural de um escritor que ficaria marcado a partir de então como um dos grandes nomes do romance introspectivo brasileiro. A segunda capa da 1ª edição revela que "A luz no subsolo" seria o início de um projeto maior, denominado "A luta contra a morte", o qual o segundo volume já teria nome e estaria em preparo: se chamaria "Apocalipse". Ocorre que a promessa não se cumpriu e o escritor, que vinha publicando um romance por ano, passou por um hiato no gênero. Após “A luz no subsolo”, Lúcio Cardoso somente lançou os romances “Dias perdidos”, de 1943, e “Crônica da casa assassinada”, de 1959. Entre tais publicações, houve um investimento na escrita de outros gêneros – novelas, poesias, contos, peças teatrais e roteiros cinematográficos. Apesar de se enveredar por diversos caminhos, entretanto, o acervo literário do autor demonstra que seu antigo plano nunca adormeceu totalmente. A proposta deste trabalho é abordar o que nos sugerem os arquivos de Lúcio Cardoso. Quais teriam sido as razões para a não publicação de “Apocalipse”? Teria a recepção negativa de “A luz no subsolo” pausado o projeto? Os arquivos revelam contínuas retomadas do material; teria sido “Apocalipse” um exercício de desenvolvimento de escrita que desaguaria nos romances maduros do autor, notadamente “Crônica da casa assassinada” e “O viajante”?


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