“É FREQUENTE O DESCASO COM O ENSINO PÚBLICO! ”: A PRESSUPOSIÇÃO TECENDO SENTIDOS EM CHARGES SOBRE A EDUCAÇÃO

Eveline Coelho Cardoso

Resumo


O estudo apresentado neste trabalho integra um projeto de tese, em andamento, cujo objeto de estudo são charges que abordam o tema da educação brasileira. Seguimos a perspectiva semiolinguística de análise do discurso, de Patrick Charaudeau (1992, 2008), que fornece um modelo de análise da construção do sentido dos textos com base em um quadro situacional e interativo. Considerando que as charges sintetizam, na estrutura de seu discurso verbo-visual, uma agressividade em sua forma e um delírio em seu conteúdo (TEIXEIRA, 2005), nossa proposta aqui é, portanto, explorar essa projeção de conteúdos aberta e múltipla, tendo como foco os conteúdos implícitos – em especial, a pressuposição. De modo geral, os implícitos são lacunas preenchidas pelas inferências do leitor no contato com os textos que o cercam. Sob um viés lógico-semântico, os pressupostos são conteúdos implícitos mapeáveis na estrutura linguística dos enunciados e são descritos como condições de verdade destes (DUCROT, 1977, 1987; KOCH, 2000; MÜLLER e VIOTTI, 2004). Contudo, o ato de pressupor é fortemente marcado pela enunciação e implica um desdobramento do enunciador em função de seu posicionamento discursivo, o que agrega a tal fenômeno valor jurídico (DUCROT, Op. Cit.). Na visão semiolinguística, essa questão aponta para a dupla dimensão em que se constituem os signos, a qual dará origem a um sentido de língua, de natureza estrutural, referencial e explícita; e a um sentido de discurso, cuja origem é situacional, enunciativa e implícita (CHARAUDEAU, 1995; 2014). Para desvendar, portanto, os pressupostos que estruturam a representação da educação brasileira em charges, é preciso ir além da compreensão do sentido de língua, e, levando em consideração os fatores de ordem comunicativa e contextual envolvidos na produção desses textos, alcançar o sentido de discurso, que lhes garante os efeitos típicos de humor e ironia.

PALAVRAS-CHAVE: Semiolinguística, charge, educação, implícitos, pressuposição.


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