INFÂNCIAS E GEOGRAFIAS: UMA LEITURA DE QUEM ME DERA SER ONDA E BOM DIA, CAMARADAS

Edyanna de Oliveira Barreto

Resumo


Dentre os inúmeros trabalhos que se dedicam à análise e reflexão das narrativas literárias angolanas, nos inserimos nessa trajetória para desenvolver um breve estudo que toma por objeto dois espaços: o escolar e o da infância, tendo por corpus as obras Quem me dera ser onda, de Manuel Rui e Bom dia, camardas, de Ondjaki. Temos por objetivo identificar o papel dinamizador dos espaços físicos e representacionais, buscando compreender como esses dois espaços contribuem à composição das obras e dos personagens. Para tal, nos amparamos na teoria do Cronotopo, de Bakhtin. Vale lembrar que os sujeitos/ personagens estão situados em contextos históricos e geográficos específicos, trata-se do período pós-colonial e ambos enredos se passam em Luanda, capital de Angola. Isso já nos dá algumas pistas do que podemos encontrar nos espaços ficcionais analisados. Nossa hipótese é que o espaço não pode ser dissociado do tempo e que as representações de infância no contexto escolar para esse dado momento e local também não se dissociam de seus respectivos cronotopos.


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Referências


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