WORLD LITERATURE: POR UMA HOSPITALIDADE COMPARADA
Resumo
A questão que abordaremos no presente trabalho é, sobretudo, um posicionamento sobre o que significa fazer um estudo comparado num cenário marcado pela reemergência do fenômeno da world literature nos estudos literários. Uma vez que a perda do centro estável, para trazermos à baila o conceito derridiano, é uma condição inerente aos trabalhos da world literature, veremos que o debate não é bem sobre o que devemos fazer, mas sobre como podemos estabelecer uma visão verdadeiramente global e cosmopolita capaz de integrar diferentes perspectivas literárias e culturais. Interessa-nos, portanto, discutir de que maneira alguma literatura latino-americana ingressa não apenas na discussão teórica de uma ideia de literatura mundial, como também é representada nas duas mais bem sucedidas Antologias disponíveis no mercado. Assim, ao direcionarmos nossa atenção para a Longman Anthology of World Literature e para a Norton Anthology of World Literature, veremos como ambas ainda descrevem um sistema desigual de legitimação e de configuração estética calcado numa divisão eurocêntrica entre o “dentro” e o “fora”. E é justamente nas implicações éticas e políticas desse processo de “abertura” para o mundo que reside nossa proposta de abordagem da world literature. Ao invés de ser apenas um conjunto de textos provenientes de sistemas literários distintos - ou que circulam para além das suas fronteiras nacionais -, acreditamos que a world literature deve corresponder a um ethos de acolhida da alteridade, uma negociação entre o familiar e o estrangeiro, no sentido em que Jacques Derrida (2003) usa a ideia de “hospitalidade” para falar sobre o reconhecimento do Outro dentro de uma relação interativa e transversal.
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