SOBRE TRAVESSIAS PÓS-TRAUMA

Giselle Leite Tavares Veiga

Resumo


Ao escrever em 1928 Um teto todo seu, Virginia Woolf imaginou que as mulheres dentro de cem anos não seriam mais o sexo protegido e executariam todas as tarefas que um dia lhes foram negadas (WOOLF, 2017, p. 60). Porém, diferente desse panorama, as dificuldades enfrentadas por nós atualmente – em nossos lares ou ambientes de trabalho – ainda existem e tal cenário precisa ser mudado. O “Anjo do lar”, citado por Virginia Woolf – referência importante nesta pesquisa – no texto de abertura do seu Profissões para mulheres e outros artigos feministas (2016), ainda hoje se apresenta como uma “entidade” a ser vencida na realidade das mulheres que lutam para viver longe dos papeis sociais duramente impostos a elas. Segundo Woolf, matar esse fantasma para poder tornar-se escritora, como desejava, foi tarefa árdua. Será à luz dessa criação cerceadora que também algumas das personagem dos livros As parceiras (1980), de Lya Luft; Sinfonia em branco (2001), de Adriana Lisboa e A vida invisível de Eurídice Gusmão (2016), da escritora brasileira Martha Batalha, irão (sobre)viver a maior parte de suas existências. Maior parte, porém não toda, pois, ao final dos enredos as personagens, de certa maneira, darão uma guinada vivendo de forma mais plena, segundo os seus desejos, de forma imaginativa e criativa. Partindo das reflexões da escritora inglesa enfocaremos nessa pesquisa essa travessia que culmina na (re)apropriação da voz de algumas dessas instigantes personagens. Consequentemente, faremos um contraponto com a situação das mulheres no campo extra diegético.

 


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