(RE)PENSANDO A RELAÇÃO ESPAÇO-TEMPO EM AS MULHERES DE MEU PAI, DE JOSÉ EDUARDO AGUALUSA

Douglas Caldeiras Silva de Souza

Resumo


Os deslocamentos das personagens na obra do escritor José Eduardo Agualusa são um capítulo a parte em sua diversificada produção literária. Em As mulheres do meu pai (2007), parece que as categorias espacial e temporal, enquanto elementos narratológicos, são essenciais para o desenvolvimento do enredo: a criação de um documentário de um grande músico angolano, Faustino Manso, a partir das viagens que ele realizou pela África Austral. A fim de reconstituir sua trajetória e reconstruir sua biografia, a visita às cidades pelas quais passou permeia por todo o texto. A responsável pelo projeto é uma de suas possíveis filhas, Laurentina, que entre entrevistas realizadas com suas sete esposas e pessoas com quem Manso teve contato, reúne e armazena um material rico para seu ambicioso trabalho. Com seus três parceiros – Mandume, Bartolomeu e Pouca Sorte, um carro e a estrada como companheiros, ela registra o nome dos lugares pelos quais passaram, a data e, por vezes, o horário, associando a noção de espaço e tempo. Tais aspectos aparecem imbricados à ideia de “cronotopo”, defendida por Bakhtin, e embasará a presente pesquisa, por acreditar que ambas categorias supracitadas não deixam de estar ligadas, como uma estratégia narrativa do autor e de seus quatro narradores que revezam visões diferentes sob um mesmo lugar.

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