(CON)FUSÃO DE ETHOS: A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO JORNAL MEIA HORA DE NOTÍCIAS SOB UMA ÓTICA SEMIOLINGUÍSTICA

Elenita Arguelles de Vargas

Resumo


Esta pesquisa tem como objetivo central identificar e analisar como se constrói e se apresenta o ethos constituído pela relação de identificação quase total do enunciador e do destinatário dos discursos produzidos pelo jornal Meia Hora de Notícias. Sob o ponto de vista metodológico, utilizamos, nesta pesquisa, manchetes de três capas distintas do jornal carioca. Mais especificamente, para o estudo, investiga-se não só a construção da identidade do próprio tabloide, associado ao conceito de ethos, como também a estratégia de aproximação (quase fusão) entre o periódico e o seu público leitor, formado, em geral, pelas classes menos favorecidas da sociedade e com baixa escolaridade. Neste trabalho, tem-se como hipótese que, por meio dessa via de mão-dupla, em que as identidades dos sujeitos envolvidos no discurso produzido pelo Meia Hora parecem se fundir, o tabloide acaba por romper com os princípios de neutralidade do próprio jornalismo, já que o meio jornalístico preza pela neutralidade como uma forma de credibilidade diante do público pretendido e da sociedade como um todo. Como fundamentação teórico-metodológica primordial, opta-se pela Semiolinguística (CHARAUDEAU, 2001, 2005, 2010 e 2016), já que permite uma proposta de análise do discurso que visa a uma observação acerca dos mecanismos de articulação entre produções textuais/discursivas e atores sociais, neste caso, a sociedade e o contexto nos quais estão inseridos o jornal Meia Hora e o seu público-alvo.

 

PALAVRAS-CHAVE: Ethos, Identidade, Mídia impressa, Estratégias de aproximação


Texto completo:

PDF

Referências


AMARAL, Márcia Franz. Imprensa popular: sinônimo de jornalismo popular. In: XXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. 2006.

AMOSSY, Ruth. Imagens de si no discurso: a construção do ethos. São Paulo: Contexto, 2016.

BENVENISTE, Emile. Da subjetividade na linguagem. In: Problemas de Linguística Geral I. campinas: Pontes. UNICAMP, 1988, p. 284-293.

______. O aparelho formal da enunciação. In: Problemas de Linguística Geral II. Campinas: Pontes, UNICAMP, 1989, p. 81-90.

CHARAUDEAU, Patrick. Uma Teoria dos Sujeitos da Linguagem. In: MARI, H.; MACHADO, I. L.; MELLO, R. Análise do discurso: fundamentos e práticas. Belo Horizonte: Faculdade de Letras da UFMG, Núcleo de Análise do Discurso, 2001, p. 23-38.

______. Uma análise semiolingüística do texto e do discurso. In: PAULIUKONIS, M. A. L. e GAVAZZI, S. (Orgs.) Da língua ao discurso : reflexões para o ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005, p. 11-27.

______. Discursos das mídias. (Trad.) Angela M.S. Corrêa. São Paulo: Contexto, 2006.

______. CHARAUDEAU, P. Um modelo sócio-comunicacional do discurso: entre situação de comunicação e estratégias de individualização. In: SATAFUZZA, G.; Paula, Luciane de. (org). Da análise do discurso no Brasil à análise do discurso do Brasil. Edufu: Uberlândia, 2010.

______. Linguagem e Discurso: modos de organização/ Patrick Charaudeau; [coordenação da equipe de tradução Angela M. S. Corrêa & Ida Lúcia Machado]. – 2.ed., - São Paulo: Contexto, 2016.

FARIA, Maria Alice. Para ler e fazer o jornal na sala de aula / Maria Alice Faria, Juvenal Zanchetta Jr., 3. ed. – São Paulo : Contexto, 2012.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.