A CORRELAÇÃO EM CONSTRUÇÕES COMPARATIVAS DA LÍNGUA PORTUGUESA

Letícia Martins Monteiro de Barros

Resumo


RESUMO: A todo momento, em suas interações sociais, os usuários de uma língua se valem do recurso da comparação para se expressarem e para serem mais bem compreendidos por seus interlocutores. No entanto, apesar de sua importância e de sua frequência de uso, as estruturas comparativas parecem não receber um tratamento adequado pelas gramáticas tradicionais da língua portuguesa. No que tange à classificação de orações, essas obras geralmente consideram apenas dois processos, a coordenação e a subordinação − reflexo da Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB) −, os quais estariam rigidamente separados com base em critérios de (in)dependência semântica e/ou sintática. As chamadas orações comparativas costumam ser abrigadas pelas gramáticas normativas dentro do escopo das subordinadas adverbiais. Essa proposta, contudo, mostra-se insuficiente, como sugerem Oiticica (1952), Módolo (1999, 2008), Castilho (2012) e Rosário (2012). De fato, as construções comparativas observadas no uso não são contempladas de modo adequado nas abordagens tradicionais. Ademais, essas construções se apresentam, muitas vezes, de forma correlata, ou seja, a partir de estruturas interdependentes, cujo vínculo é estabelecido através da disposição paralela dos conectivos, o que as difere das tradicionais orações adverbiais. Partilhando da constatação desses autores, pretende-se, neste trabalho, apresentar construções correlatas comparativas do português sob a ótica da Linguística Funcional Centrada no Uso, a partir da perspectiva de que a correlação é um processo produtivo e coerente para a análise da comparação em seu uso linguístico efetivo.

PALAVRAS-CHAVE: Correlação, construções comparativas, LFCU.


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Referências


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