ESTEREÓTIPO E REPRESENTAÇÃO NA AMAZÔNIA BRASILEIRA

Liozina Kauana de Carvalho Penalva

Resumo


O presente estudo propõe colocar em discussão as formas de “dizibilidades” em torno do espaço amazônico brasileiro, ou seja, analisar o estoque de imagens criado desde o processo de colonização e exploração desse território e, ao mesmo tempo, compreender como essas imagens são imprescindíveis nas relações de identificação desse espaço. Aqui se pretende compreender como certos estereótipos, discursos e sistemas de representação ganharam lugar privilegiado nas formas de dizibilidade do espaço amazônico, com a finalidade de problematizar a nossa formação cultural medida pelo modelo hegemônico, que sempre esteve ligado a uma perspectiva de negação do outro, estabelecendo hierarquias culturais. Para fundamentar essa pesquisa, utilizaremos as contribuições teóricas de Stuart Hall (2016) e Homi K. Bhabha (2013), abordaremos os conceitos de estereótipo e representação com o intuito de demonstrar que o espaço amazônico constitui-se a partir de uma cruel estratégia de estereotipização. Ademais, são essenciais as contribuições do médico psiquiatra Frantz Fanon (2008), uma vez que esse estudioso ajuda a pensar nas máscaras impostas pelo colonialismo e que forçam o apagamento de identidades e a proliferação de pessoas em condição de subalternidade. Essas discussões são muito relevantes porque atuam especialmente na desestabilização de estereótipos e no questionamento de uma hierarquia de valores sociais, culturais e políticos.


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Referências


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