A ESCOLA NO TÚNEL DO TEMPO: IMAGINÁRIOS SOCIODISCURSIVOS E EFEITOS DE SENTIDO EM CHARGES CONTEMPORÂNEAS SOBRE A EDUCAÇÃO DE ONTEM E DE HOJE

EVELINE COELHO CARDOSO

Resumo


A tese sintetizada nesta proposta de comunicação resulta de uma pesquisa que de dedicou a investigar a manifestação textual de imaginários sociodiscursivos sobre a educação brasileira contemporânea, desde sempre associada a um cenário de descaso e crise. A Teoria Semiolinguística de Análise do Discurso, concebida por Patrick Charaudeau (2004; 2008; 2010), foi o fundamento teórico desta pesquisa, que elegeu como corpus a materialidade verbo-visual de um grupo de charges publicadas entre os anos de 2007 e 2015. O critério de seleção dos textos foi a evidência de uma comparação entre o contexto passado e o atual da realidade educacional do Brasil, isto é, a construção de um retrato do passado pelo viés do presente. Partimos do pressuposto de que o enunciador-chargista encena o seu discurso, submetendo-se a um contrato comunicativo midiático, cujas restrições e liberdades lhe permitem elaborar um acontecimento comentado filtrado, por sua vez, por sistemas coletivos de representações. A visada predominante na construção dessa espécie de “crônica jornalística verbo-visual” é a de captação, cujo objetivo é atrair o leitor mais do que informá-lo, recorrendo, para tanto, a estratégias geradoras de efeitos de humor e de pathos. A Teoria das Representações Sociais (MOSCOVICI, 2013; JODELET, 2001), a Semiótica da imagem visual (SANTAELLA, 2012; DONDIS, 1997) e dos Quadrinhos (MCCLOUD, 2005; BARBIERI, 2017) e os estudos do Humor (BERGSON, 1987; FREUD, 1996) também subsidiaram a investigação, colaborando para a projeção de uma grade analítica para o gênero charge. Neste recorte – que trará à cena uma peça do chargista paranaense Ademir Paixão – esperamos demonstrar a aplicabilidade desse instrumento analítico, evidenciando, ao mesmo tempo, a essência do imaginário educacional brasileiro traduzido no corpus estudado: um contraste entre tradição e modernidade, que propõe ao leitor lugares patêmicos de nostalgia e indignação.


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